
O antigo líder dos Super Dragões Fernando Madureira, um dos 12 arguidos que começaram a ser julgados na Operação Pretoriano, disse esta segunda-feira os desacatos na AG do FC Porto de 23 de novembro foram “potenciados” pela máquina de campanha de André Villas-Boas.
Em prisão preventiva desde janeiro de 2024, Madureira atribuiu os desacatos e problemas subsequentes a uma “campanha” orquestrada pelo movimento associado ao atual presidente.
A defesa de Pinto da Costa, reforçou, era o que o movia, sendo-lhe “indiferente” de que forma votariam os sócios na alteração estatutária proposta.
Negou conhecer dois dos arguidos, estando ainda incompatibilizado com alguns dos outros à data dos factos, a começar por Vítor Catão, e qualquer associação da claque aos acontecimentos.
“Foram atos isolados que nada tiveram a ver com os Super Dragões. Foi tudo criado por uma máquina de campanha [de Villas-Boas] para ganhar as eleições”.
A dado ponto, descreve, sentiu-se “extremamente nervoso e desagradado”.
“Fiquei irritado, transtornado, angustiado e triste, por ver sócios do FC Porto uns contra os outros. (…) Dizia-lhes: ‘é esta merda que querem para presidente? [André Villas-Boas] veio aqui, deu uma entrevista, foi para casa e nós aqui ao barulho”, notou.
O julgamento prossegue pela tarde, de novo com Madureira a prestar declarações, ficando desde já anunciado que será confrontado com mensagens que terá enviado em torno do evento.
Após a fase instrutória, o tribunal decidiu levar a julgamento os 12 arguidos nos exatos termos da acusação deduzida pelo Ministério Público (MP), alegando que a prova documental, testemunhal e pericial é forte.
A acusação assenta numa alegada tentativa de os Super Dragões “criarem um clima de intimidação e medo” numa Assembleia Geral do FC Porto, em novembro de 2023, para que fosse aprovada uma revisão estatutária “do interesse da direção” do clube, então liderada por Pinto da Costa, que morreu no dia 15 de fevereiro.
O histórico dirigente viria a ser derrotado em eleições, por André Villas-Boas, e os Super Dragões envolvidos noutra operação, ‘Bilhete Dourado’.
Entre a dúzia de arguidos, Fernando Madureira é o único em prisão preventiva, a medida de coação mais forte, enquanto os restantes foram sendo libertados em diferentes fases, incluindo Sandra Madureira, Fernando Saul, Vítor Catão ou Hugo Carneiro, igualmente com ligações à claque.
Depois do arranque desta segunda-feira, na terça-feira, pelas 9h30, será a vez dos legais representantes dos três assistentes do processo, FC Porto, SAD dos dragões e Henrique Ramos, seguidos das primeiras testemunhas a serem ouvidas, prosseguindo o julgamento na quinta-feira.
O julgamento continua em 24 e 25 de março, estando também agendadas sessões para abril e maio.