
O troféu ficou em casa, mas o resultado é muito lisonjeiro para os leões. Há jogadores que andam perdidos, e outros que enfrentam problemas que não conheciam. Antes de se entranhar, o sistema de Rui Borges ainda está na fase de se estranhar…
É preciso ser cuidadoso quando se aborda um jogo como foi o Sporting-Villarreal, duas equipas que vão disputar a Liga dos Campeões, porque há demasiadas variáveis na equação para que se possa chegar a qualquer conclusão linear. Jogo por jogo, sobretudo pela segunda parte que fez, em que foi muitíssimo superior ao Sporting, a equipa da comunidade valenciana justificava, no mínimo, o empate. Perante uns leões pouco coesos, a equipa de Marcelino Toral teve na finalização o seu pecado mortal, mas não deixou de deitar sal nas feridas deste novo leão, ainda à procura de identidade.
Basicamente, no Sporting, para lá do facto de Harder não ser Gyokeres, a articulação nas alas, onde o defesa devia fazer o corredor e o médio integrar-se no jogo interior, as dúvidas são demasiadas. Também quem atua nas costas do ponta-de-lança – Pedro Gonçalves ou Trincão, especialmente – de tanto querer estar em todo o lado, não está em lado nenhum, desperdiçando talento e contribuindo para a desarrumação tática da equipa. Finalmente, os homens da ‘casa das máquinas’ veem-se obrigados a tapar, defensivamente, uma área maior e denotam, com isso, desconforto. Provavelmente, tudo isto não passa de dores de crescimento que tenderão a passar quando os jogos forem a sério e não houver, como sucedeu no Jamor, nove substituições leoninas. Mas que a exibição do bicampeão nacional não encantou, essa é uma verdade insofismável.
MARCAR CEDO
Ainda muitos adeptos não tinham conseguido entrar no Estádio Nacional e já o Sporting se colocava na frente (8 minutos) graças a uma grande penalidade bem cobrada por Hjulmand. Tendo o Sporting a preparação bastante mais adiantada que o Villarreal, pensou-se que o leão ia embalar para um triunfo confortável. Porém, além da solução de ‘esticar’ bolas para as costas da defesa contrária, faltava fluidez ao futebol verde-e-branco e a pouco e pouco os espanhóis não só equilibraram as operações como, graças ao futebol técnico de Dani Parejo e Roger Moreno, mandavam no jogo, criando inúmeras dificuldades a Morita e Hjulmand, que muitas vezes tinham de recorrer à ajuda de Pedro Gonçalves, deixando Harder entregue à sua sorte. Mas, se é verdade que o Sporting não criava perigo, o volume de jogo do Villarreal não tinha correspondência em oportunidades de golo, e a atenção e coragem de João Virgínia iam chegando para as encomendas. E até foi Geny Catamo, aos 45+4, a estar perto de marcar, após uma brilhante iniciativa individual.