
O FC Porto atravessa uma fase de transformação profunda. Com André Villas-Boas agora na liderança, há a promessa de um investimento robusto neste mercado de transferências, com o objetivo de devolver o clube à disputa dos títulos nacionais. O novo presidente garante que o treinador azul e branco terá todos os meios à disposição para construir uma equipa vencedora.
Em entrevista ao portal *Desporto ao Minuto*, José Fernando Rio — antigo candidato à presidência portista — analisou as recentes decisões de Villas-Boas, com foco nas escolhas para o comando técnico da equipa e nas movimentações no mercado de transferências.
Decisões técnicas sob críticas
José Fernando Rio não poupou críticas às primeiras opções tomadas pela nova direção no que toca à escolha de treinadores. Segundo ele, tanto Vítor Bruno como Martín Anselmi falharam no desempenho esperado.
“Vítor Bruno e Anselmi não foram apostas acertadas. No caso de Anselmi, a sua saída abrupta e sem explicações concretas deixou muitas dúvidas. Foi como um cometa: chegou cheio de promessas e desapareceu sem deixar rasto. Sem transparência, torna-se difícil confiar nas decisões que se seguem”, afirmou.
Apesar dessas falhas iniciais, Rio mostrou-se mais otimista com a chegada de Francesco Farioli. O treinador italiano, que passou pelo Ajax, foi visto como alguém com uma bagagem mais sólida no futebol europeu.
“Farioli encaixa no perfil que se pretende, e embora tenha perdido força na reta final do campeonato holandês, conseguiu devolver competitividade ao Ajax. O importante é focar nos dois terços da época em que a equipa esteve entre as melhores. A queda no final pode até ser uma motivação extra para esta nova etapa”, analisou.
Juventude promissora, mas falta liderança
O plantel do FC Porto tem recebido vários reforços, a maioria jovens e com margem de progressão. Contudo, José Fernando Rio alerta para a ausência de figuras experientes que possam liderar em campo e garantir estabilidade.
“A juventude dos reforços é evidente, e isso exige uma dose extra de cautela nas expectativas. Reconheço potencial em muitos desses jogadores, mas o Porto precisa mais do que talento bruto — precisa de maturidade”, afirmou.
O ex-candidato defende a contratação de jogadores com estatuto para liderar setores-chave, como a defesa e o meio-campo.
“É essencial ter um patrão na linha defensiva, alguém que imponha respeito e segurança. O mesmo se aplica ao meio-campo. Alan Varela precisa de um parceiro experiente. Não podemos depender apenas de promessas. Se queremos voltar a ser campeões, precisamos de nomes que tragam equilíbrio desde o primeiro dia”, sublinhou.
Sobre os nomes já no plantel, Rio mostrou reservas. “Nehuén Pérez ainda precisa provar que está à altura. Zé Pedro chegou tarde à formação portista e ainda se está a afirmar. Dominik Prpic tem qualidade, mas ainda é muito novo para liderar a defesa. Falta um verdadeiro comandante lá atrás”, frisou.
Plantel herdado rendeu milhões
Apesar das dúvidas no presente, José Fernando Rio reconhece o valor do grupo deixado pela gestão anterior. Segundo ele, o plantel que muitos criticaram está a render frutos importantes no mercado.
“Há quem dissesse que o plantel não tinha qualidade, mas a verdade é que as vendas estão a gerar receitas significativas. Podemos chegar facilmente aos 300 milhões de euros com base nestes ativos. É justo reconhecer o mérito da atual direção ao negociar bem, mas não se pode ignorar o valor herdado”, apontou.
Por fim, comentou a saída de Otávio — uma transação que considerou benéfica para todas as partes.
“Apesar de não ser titular na última época, Otávio tem características raras num defesa central. É forte fisicamente, rápido, destemido e canhoto — algo valioso. O Paris FC pode ter feito uma excelente aquisição, e o FC Porto realizou uma venda inteligente. Era o momento certo para avançar”, concluiu.