
Numa temporada em que o rendimento do FC Porto tem sido marcado pela irregularidade, Diogo Costa pode igualar, já na sexta-feira, com o Famalicão, um recorde pessoal. O guarda-redes chegou aos 15 jogos sem sofrer golos para o campeonato no domingo, com o Casa Pia, e só precisa de mais um para atingir o patamar de 2022/23. Se o conseguir, ficará a bater à porta da melhor marca pessoal no acumulado da época, que também remonta àquele período.
Com cinco jornadas para se jogarem na I Liga (e o Mundial de clubes), há margem de manobra para Diogo Costa atacar um registo que desperta nos homens da baliza “a sensação de trabalho bem feito”. “É algo que os guarda-redes, e nós, gostamos muito, porque não sofrer golos é uma garantia automática que a equipa vai pontuar. Se pontua um ou três pontos, depois depende”, começa por dizer a O JOGO Pedro Pereira, técnico de guarda-redes do Red Bull Salzburgo, que trabalhou diretamente com o internacional luso na equipa B dos dragões. “Cada jogador pode contribuir, com mais ou menos peso, para a execução dessa ideia de não conceder o golo. Mas, no caso do Diogo, o peso que ele tem é muito, como se viu no jogo com o Casa Pia, quando o jogador [Miguel Sousa] se isola e ele defende. Essa capacidade de conseguir fazer defesas decisivas são fruto da experiência acumulada e do desenvolvimento dele, que o tornam cada vez mais apto para lidar com as exigências do jogo e da liga”, frisa.
Quando os resultados coletivos não aparecem, Pedro Pereira lembra que “toda a gente tem dificuldade em não se deixar afetar” pela instabilidade. No entanto, o treinador de guarda-redes vê Diogo Costa como “um baluarte” do FC Porto. “É uma peça fundamental da equipa. Não só por aquilo que representa em termos de valores do clube, mas também pela forma como se assume em momentos importantes, com intervenções que a têm ajudado”, argumenta.
Um guarda-redes de “pacote completo”
Durante a primeira parte da temporada, foi no Dragão que Diogo Costa acumulou mais jogos sem sofrer golos. A tendência, contudo, inverteu-se com Martín Anselmi, sendo mais os desafios “a zero” fora de casa (Maccacbi Telavive, Farense, Arouca e Casa Pia) do que em casa (Aves SAD). O último, com o Benfica, foi mesmo de pesadelo para o dono da baliza portista nas provas principais, mas Pedro Pereira afiança que este “sempre foi muito equilibrado” emocionalmente.
“É importante para uma equipa saber que há alguém ali atrás que, independentemente da maré estar um bocadinho mais complicada, consegue levar o barco a um porto”, indica o técnico, que olha para a evolução do guardião “com alguma naturalidade, na medida em que, internamente, sempre se acreditou muito que ele podia ser o futuro do FC Porto e da Seleção Nacional”. “Além das que tem como guarda-redes, tem qualidades humanas muito acima da média. Isso fez-nos acreditar que ele tinha o pacote completo para poder estar ao mais alto nível e poder lidar com as exigências que é necessário ter para competir de forma consistente. Fruto dessas qualidades, soube ser paciente, inteligente, aprender com todos os guarda-redes com quem trabalhou e isso só fez dele melhor”, nota.
Seja como for, Diogo Costa só tem 25 anos e, embora seja visto como um dos melhores do planeta na posição, tem margem para “refinar o detalhe”. “São aspetos de pormenor, mas que fazem com que aquilo que ele quer fazer aconteça mais vezes”, indicou.
Pronto para qualquer estilo no jogo de pés
A derradeira missão de Diogo Costa passa por evitar que o adversário marque, mas o papel que assume na primeira fase de construção é cada vez maior com Martín Anselmi. E mesmo que aqui e ali possa cometer erros na entrega, Pedro Pereira assegura que “sempre teve uma capacidade de precisão no jogo longo acima da média”.
“Tem todas as ferramentas para conseguir jogar qualquer tipo de jogo, seja a ideia do treinador um mais apoiado desde trás ou mais direto”, avalia. Afinal, o guarda-redes a isso exige. “Há sempre uns que são mais intuitivos do que outros, mas quando o processo de formação exige que eles tenham de passar por essas situações, como existia e existe no FC Porto, eles acabam por estar mais preparados para poder lidar com esse tipo de contexto. Sempre foi uma preocupação nossa conseguir desenvolvê-los de uma forma o mais completa possível, para poderem estar preparados para aquilo que são as exigências do futebol moderno”, conclui.
Líder nos 15 melhores campeonato da Europa
Não há ninguém nos 15 melhores campeonatos do Europa com tantos desafios sem sofrer golos na principal competição doméstica como Diogo Costa. O guarda-redes do FC Porto soma 15 e lidera um ranking onde Agkatsev (Krasnodar), Maksimenko (Spartak Moscovo), Coosemans (Anderlecht) e Hanus (Jablonec) partilham o segundo lugar, com 14 “folhas limpas”.
Exibições de Onana reativam rumor do United
Os desempenhos de Onana no Manchester United têm suscitado alguma discussão em Inglaterra e levaram à reativação do rumor de que o clube de Old Trafford está muito interessado em Diogo Costa para render o camaronês. A informação foi publica pelo jornalista Nicolò Schira, mas, nesta fase, não se conhecem contactos com o FC Porto. A cláusula de rescisão do guardião é de 75 M€.