
Fernando Madureira, ex-líder da claque Super Dragões, chegou ao Tribunal São João Novo, no Porto, sob forte segurança para prestar depoimento no julgamento da Operação Pretoriano. Durante a audiência, visivelmente abatido, ele negou envolvimento na elaboração dos estatutos do FC Porto e defendeu que a Assembleia Geral era apenas um momento de demonstração de apoio a Pinto da Costa, sem qualquer tentativa de manipulação. Segundo ele, a mobilização dos Super Dragões ocorreu de forma semelhante à dos apoiantes de Villas-Boas, e os conflitos registrados foram consequência de uma campanha orquestrada pela oposição.
No tribunal, Madureira também abordou a sua relação com outros envolvidos no processo, incluindo figuras que já não fazem parte da acusação. Ele rejeitou ter ameaçado Henrique Ramos e minimizou os incidentes ocorridos durante a Assembleia Geral, afirmando que não teve conhecimento direto de agressões. Segundo ele, sua única preocupação era a união dos sócios, e a cena viral onde aparece gesticulando ocorreu porque estava irritado ao ver portistas em confronto. Além disso, garantiu que os Super Dragões se comportaram de maneira exemplar no evento.
A acusação questionou Madureira sobre a credenciação na Assembleia, alegando que algumas pulseiras foram entregues a não sócios, o que ele negou ter organizado. Foi também confrontado com mensagens de WhatsApp que enviou antes do evento, onde pedia cartões de sócio e sugeria uma postura agressiva, mas ele justificou as mensagens como frases de efeito, sem intenção de incitar violência. A juíza também perguntou sobre os episódios de tumulto, e Madureira disse ter visto apenas pequenas altercações e uma garrafa de água sendo arremessada.
Durante o depoimento, Madureira reforçou que nunca incitou ninguém a cometer agressões ou a coagir opositores, afirmando que a narrativa contra ele foi criada para favorecer Villas-Boas nas eleições do clube. Ele também afirmou que a segurança do evento foi organizada pelos responsáveis do clube e que, mesmo após a troca de direção, o protocolo dos Super Dragões com o FC Porto permaneceu inalterado, afastando a ideia de que buscavam manter regalias.
Ao final da audiência, a juíza alertou que Villas-Boas não estava sendo julgado e que o foco deveria ser nos atos dos arguidos. Madureira manteve sua posição de que tudo o que aconteceu foi manipulado para prejudicá-lo e reforçou que sua atuação sempre foi de apaziguador dentro do clube. O julgamento segue com novos depoimentos e análises das provas apresentadas pelo Ministério Público.