
O funeral de Diogo Jota e André Silva, em Gondomar, contou com a presença de dezenas de personalidades do futebol. Desde jogadores do Penafiel, do Liverpool e da Seleção Nacional até treinadores e dirigentes, a igreja foi pequena para receber todos os que quiseram prestar a última homenagem aos dois jogadores de futebol que morreram num acidente de viação em Espanha.
No entanto, houve ausências que se fizeram notar, duas em concreto: a de Cristiano Ronaldo, capitão da Seleção Nacional, e a de Luis Díaz, jogador do Liverpool.
O primeiro foi amplamente criticado por não ter estado presente no funeral do colega de Seleção Nacional, com a irmã, Kátia Aveiro, a vir defender a sua ausência nas redes sociais.
Segundo Kátia Aveiro, a ausência de Ronaldo foi “sábia”, sendo que “nem toda a ausência é desrespeito e nem toda a presença é apoio”.
“Quando o meu pai morreu, além da dor da perda tivemos que lidar com [uma] enchente de câmaras e curiosos no cemitério e em todos os lugares que íamos. E a atenção não era o que é hoje em termos de acesso. Destruíram campas, jazigos (pessoas em cima de muros). Subiram onde lhes calhavam. Foi a destruição total num cemitério, nunca antes vista. Sem respeito nenhum. E não era para prestar homenagem, como devem calcular. Em nenhum momento conseguimos (os filhos) sair da capela. Só foi possível no momento do sepultamento, tal era o tumulto. No funeral teve presidentes, treinador da Seleção – na altura era o Luiz Felipe Scolari – e etc. Não me lembro de ter visto nenhum e seguramente que me cumprimentaram. A dor cegou-me. Sobre a dor/família e apoio real (vocês jornalismo lixo e curiosos) nunca irão saber o que significa até que passem o mesmo. É absurdamente vergonhoso assistir a canais de tv/comentadores/redes sociais a dar ênfase a uma ausência (sábia) do que homenagear com respeito a dor de uma família mutilada e destruída pela perda de dois irmãos. Tenho vergonha até de assistir. Lamentável. Se alguém me enviar mensagem a criticar o que for do meu irmão vou bloquear (ignoro total), ou seja, só o farão uma vez. Já cansa o fanatismo, a crítica a troco de nada. Repito, nada. Sociedade doente. Todos nós temos família”, escreveu a irmã de Cristiano Ronaldo.
Mais tarde, Kátia Aveiro faria ainda uma série de vídeos sobre o tema, revelando que “até para os meus filhos mandaram mensagens” a questionar a ausência do irmão.
“Isto é uma perseguição obsessiva. É doentio. Vocês, a imprensa, e algumas pessoas em geral, devem ter um trauma qualquer, uma obsessão pelo meu irmão. Devem achar que ele é tipo máquina, que não tem sentimentos. Ele sabe o que está a fazer, a dor de cada um, só nós é que sabemos como é que passamos, a forma de fazer o luto”, afirmou, acrescentando que “é ridículo termos de explicar o óbvio que iria acontecer se ele fosse naquele funeral”.
De acordo com Kátia Aveiro, Cristiano Ronaldo não foi ao casamento de Diogo Jota – a 22 de junho – pelo mesmo motivo: o facto de que iria criar “aparato”.
O jogador ainda não se pronunciou mas, segundo o jornal A Bola, a sua ausência prendeu-se com o facto de entender que a sua presença “iria ser mais prejudicial do que benéfica, arrastando desmesuradamente as atenções num momento em que se exige o recato possível”.
No entanto, em privado, o capitão da Seleção tem-se feito presente e terá garantido todo o apoio à família de Diogo Jota e André Silva.
“Total falta de empatia”
Outra das ausências muito criticada foi a de Luis Díaz. O jogador do Liverpool foi arrasado nas redes sociais por não estar presente na última homenagem aos irmãos em Gondomar, principalmente porque quando o pai do colombiano foi raptado, o português não hesitou em mostrar apoio ao colega de equipa.
Mas, enquanto decorria o velório em Gondomar, Luis Díaz era fotografado a sorrir num convívio com influencers na Colômbia. As críticas dos seguidores não tardaram, com várias acusações ao jogador de “total falta de empatia” e de, “com tantas comodidades”, não ter ido ao funeral, com alguns a lembrarem que Rúben Neves e João Cancelo viajaram dos Estados Unidos após um jogo no Mundial de Clubes para estarem presentes no funeral horas depois.
O jornal Diario Deportes revelou que o Liverpool deu instruções aos jogadores sobre a presença no velório e funeral, mas que a viagem entre Colômbia e Lisboa levaria quase 24 horas, para além do tempo da viagem entre Lisboa e Gondormar.
“O Liverpool informou os jogadores que, se eles não conseguissem chegar, não haveria problema. A viagem Barranquilla – Bogotá – Lisboa, incluindo escalas, é de quase 24 horas, se não houver problemas de ligação”, escreve o jornal.
Sem se referir ao encontro com influencers, o jogador do Liverpool deu uma entrevista a um canal colombiano onde afirmou que “é muito difícil lidar com estas notícias”.
“A primeira coisa que se faz quando se acorda é ver as notícias, que são muito tristes devido ao que aconteceu, honestamente. A nossa família foi apanhada de surpresa e acho que ninguém está preparado para este tipo de notícias. Um companheiro de equipa, fundamental para a minha chegada ao Liverpool, porque a sua família me acolheu, ele acolheu-me e tornámo-nos grandes amigos. Tínhamos uma grande e saudável rivalidade e ele era importante. Concordámos sempre em muitas coisas. Quero apenas desejar muita força, dar muita força à sua família, à sua mulher, aos seus filhos que deixou. Porque a verdade é que eles devem estar a sofrer muito com esta terrível notícia. [Dói] muito, muito. Foi inacreditável quando acordei e vi a notícia. A verdade é que me desfiz em lágrimas. Foi uma dor muito, muito, muito grande”, afirmou, lembrando ainda o gesto do português quando o pai foi raptado. “Lembro-me que ele teve um gesto muito, muito bonito para comigo e isso vai ficar sempre comigo. Tal como disse na fotografia que coloquei nas redes sociais. Só lhe quero dizer que descanse em paz, que levarei no meu coração um grande amigo que será sempre recordado pela sua equipa, pela sua família, pelos seus amigos e por todos aqueles que deixou para trás.”